Monday 21 August 2017

1 9 6 7

Looking back at 1967, one can clearly see that Jovem Guarda (Brazilian rock), especially those acts who recorded for Columbia Records (CBS) as Roberto Carlos and Renato & Seus Blue Caps (they mostly covered Beatles songs in Portuguese) were the best sellers during the first part of the year. Bossa Nova or the so called MPB is in retreat.

One can also see that Anglo-American music is on the rise. There are a few French acts too - mainly Michel Polnareff and Johnny Hallyday, France's King of Rock, singing a French version of  Los Bravos' 'Black is black' an Spanish combo who had a British lead singer. 

Italian music is a loser too. Brazilians were moving on but were shocked with the news from San Remo about the unusual suicide of Luigi Tenco who aimed a gun to his head and pulled the trigger because his beloved 'Ciao amore ciao' didn't make it to the final in the competition. 

For some mysterious reasons Extended-plays (called 'compactos-duplos') have become a means for some songs to linger on in the Parade long past their 'natural run'. EPs were also a way in which record companies would 'revive' hits that did not quite make it the first time around. That's the case with Earl Grant's 'The End', a song recorded in 1958 but only became a hit in 1969. 'Anna', a song from the Beatles' first album, released in England in early 1963, went to number one in the EP charts here 4 years later. Johnny River's 'Poor side of town' went to # 1 in the USA in 1965, but it only made the charts here 2 years later.

The weirdest case though is 'Dio come ti amo', released in early 1966 as a single. Having had good air-play and sold a few thousand copies 'Dio come ti amo' was then released as an EP in 1967, and stayed in and out of the charts for  approximately 10 years. 'Dio come ti amo' was released as film in 1967, and Brazilians loved the movie so much it would never go away being shown constantly in movie houses in suburbs and far-away places around the country. But only this doesn't explain the 'permancy' of 'Dio come ti amo' in the Brazilian charts for such a long stretch.

The song-festival organized by TV Record in São Paulo had been big in 1966. In 1967, it was huge. They knew that people took to the festival as sports fans take to big matches with people rooting for different acts and trying hard to talk the enemy down. Up to 1967, there was an invisible wall separating those acts who were 'serious' (who performed Brazilian music actually made in Brazil) with those 'alienated' who performed rock'n'roll or foreign songs translated into Portuguese. This time TV Record brought down the walls and Roberto Carlos, Erasmo Carlos and Ronnie Von (alienated) were given original songs to compete along side with the likes of Elis Regina who didn't even try to hide their contempt with such cultural 'low lifes'.

In the end, Caetano Veloso (Alegria, alegria) and Gilberto Gil (Domingo no parque), acts who were supposedly 'in' (against rock) were the ones who introduced electrical guitar (an anathema then) into their songs. 'Ponteio', a traditional sort of folk music was the winner but Roberto Carlos (alienated) with his 'Maria carnaval e cinzas' was the one that went to # 1 in the charts.

Things were changing rapidly though. 1967 was the year 'Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band' came out. Things were really humming everywhere. 1968 was just around the corner. Brazilians were still living under a military dictatorship and even though we were fairly 'free', dark clouds were gathering over us. 'Roda viva', an amazing realistic and down-to-earth song written by Chico Buarque de Hollanda, our own Bob Dylan, told a tale of something 'revolving' like a 'living wheel'. That same wheel would grind to stop in the next year and total darkness would involve our Brazilian way of life.

Roberto Carlos could do no wrong. He was involved with a separated woman (divorce was illegal in backward Catholic Brazil) and wrote a song called 'Meu grito' (My cry) where he put all his angst of not being allowed to tell the name of the woman he loved because she was 'separated'. 'Meu grito' was given to Agnaldo Timóteo from Minas Gerais who had a powerful voice and became the biggest hit of the year. Wilson Miranda, a rock singer from earlier on was given 'Estou começando a chorar'; the Vips brothers were given 'Faça alguma coisa pelo nosso amor'.

Martinha, a complete unknown singer-song-writer from Minas Gerais gave 'Eu daria a minha vida' to Roberto Carlos who took it to #1. Martinha herself recorded an album for Mocambo that shot to #1 a little later in the year.

In other words we could say that 1967 was the year Brazilian rock aka Jovem Guarda really made it. We could also say that song festivals hit their peak and could only go down thereafter. We know too that Anglo-american music was on the rise and would be much more powerful than in previous years.

As of 1966 onwards most record companies in Brazil stopped printing photo-sleeves for their singles and adopted those dreary standard sleeves with two holes. Countries in Europe and even the USA went on printing their single-sleeves but not Brazil. El cheapo ruled here! So for art's sake and for identification purposes I will post LP or EP-sleeves instead of those hideous standard sleeves when I need to make a statement.  




São Paulo, 26 Fevereiro 2005.

Oi Marcia,

Aí está o ano de 1967. Puxa vida, que trabalhão, pois a revista 'Intervalo' dobrou de 5 para 10 o número de compactos-simples a partir do n. 222 – lista de 13 Março 1967. Na verdade, ficou melhor pois assim tem se uma visão mais ampla da movimentação dos compactos.

1967 não foi tão incrível quanto 1966 - ano de “Quero que vá tudo p’ro inferno”; da 'Banda' e 'Disparada' do II Festival da Record + musica francesa; aparecimento dos Mamas & Papas etc. - mas também teve seu charme.

O maior sucesso do ano foi, sem dúvida, 'Meu grito', composição de Roberto Carlos, interpretada por Agnaldo Timóteo, que iniciou sua carreira em 1966, cantando “The house of the rising sun” em inglês no programa 'Jovem Guarda'. 

Ronnie Von, que começou em 1966 com “Meu bem” (Girl) e outras versões de musicas dos Beatles, se firma no cenário nacional com “A praça”, de Carlos Imperial, música nitidamente inspirada na “Banda” de Chico Buarque. Wilson Simonal e Francisco Petrônio também entram na Parada com gravações da mesma musica do Imperial. Além d’ 'A praça', Ronnie Von tem 2 LPs entre os 5 mais-vendidos. 

Ciao amore ciao” do Festival di San Remo de 1967 vende muito. Isso, talvez, pela comoção que causou o suicídio de Luigi Tenco, seu cantor e compositor, que quando viu que sua musica não havia sido incluída entre as classificadas, deu um tiro na cabeça em seu quarto de hotel. Essa música tem uma letra tétrica, onde se fala de um mundo de desilusão total;  talvez Tenco já planejasse terminar com sua vida. Note que Dalida, sua parceira no Festival, também tentou suicídio, finalmente conseguindo tirar sua própria vida algumas décadas mais tarde.

Incrível a predominância do Roberto Carlos nos quesitos compactos-duplos (EP) e albums (LPs). Também notável é o sucesso do conjunto carioca Renato & seus Blue Caps, que com seu LP “Um Embalo” desovou dois EPs (compactos-duplos) de sucesso. Wanderley Cardoso, que até então fazia sucesso relativo, teve seu 1º lugar com “O bom rapaz”.

Apesar de “Ponteio” ter sido a 1a. colocada no 3o. Festival da MPB da Record, quem vai para o 1º lugar em vendagem é o Roberto Carlos com “Maria, carnaval e cinzas”. É no mínimo irônico, que RC, considerado “alienado” e “americanizado” pelo pessoal da MPB, tendo participado de um festival de MPB pela 1a. vez, não tenha sua musica classificada, mas assim que lançada no mercado fonográfico vá direto para o 1o. lugarRoberto Carlos era como o Rei Midas nessa época... tudo que tocava virava ouro.

Caetano Veloso fica em 1º lugar durante uma semana com “Alegria, alegria” (do III Festival), um feito que nunca mais conseguiria igualar, a não ser no século seguinte.

Chico Buarque se reafirma como a “Grande Esperança Branca”, como dizem os norte-americanos, com a colocação de 3 sucessos consecutivos, “Quem te viu, quem te vê” (pré-Festival), “Roda viva” (do III Festival) e 'Carolina', do Festival da Globo.  Seu 2º LP também vende horrores.

1967 foi um ano forte para The Beatles. Começaram com “Penny Lane”/“Strawberry Fields Forever”, depois veio “All you need is love” e terminaram o ano com “Hello, goodbye”.  Além disso põe seu mais importante album - “Sargento Pimenta e a Banda dos Corações Solitários” – no 1º lugar.  Também em 1º lugar entre os EPs aparece Anna”/ “I saw her standing there”.  Muito peculiar o anacronismo desse disco, mostrando bem a defasagem do público brasileiro, já que essas músicas são de 1962/1963, início da carreira do conjunto de Liverpool -  fazendo sucesso aqui somente no final de 1967 – vão quase 5 anos de atraso.

Os ingleses “Herman’s Hermits” emplacam duas músicas simultaneamente: “No milk today” e “There’s a kind of rush”. Considerados apenas “razoável” na Inglaterra, fizeram um sucesso fenomenal nos Estados Unidos, ultrapassando outros muito melhores. No mundo das Paradas de Sucessos não existe uma “razão”; o sucesso acontece, muitas vêzes, sem uma explicação plausível. Como explicar o sucesso de “When summer is gone” (S.Curtis) com Gary Lewis & his Playboys? Gary era filho do cômico Jerry Lewis.

Outro atraso considerável, porém menor, é o sucesso de “Dio come ti amo” com a Gigliola Cinquetti, que foi 1º lugar no Festival di San Remo de 1966. Bem, daí que “Dio” foi lançado em Março de 1966, mas só entrou firme na Parada no final de 1967 – quase 2 anos depois de lançada. Há uma explicação: o lançamento do filme branco-e-preto “Dio come ti amo”, que fez muito sucesso em São Paulo e no Brasil em geral.

A whiter shade of pale” foi o grande sucesso estrangeiro de 1967. Peça baseada na “Ária na 4ª Corda de Bach” foi sucesso universal. 1967 foi o ano que o Rock começou a se tornar erudito. Desde “Eleanor Rigby” (do LP “Revolver” de 1966) os Beatles já tinham adicionado um quarteto de cordas; os Rolling Stones responderam com 'Lady Jane' (1966) e “Ruby Tuesday” (1967); daí Procol Harum baseia sua musica em Johann Sebastian Bach. Isso sem contar que em “Sgt. Pepper’s” tem a Phillarmonica de Londres inteirinha acompanhando John Lennon em “A day in the life”. Depois disso ninguém mais segurou o rock, que iria numa progressão louca que só teria fim em 1977 com o aparecimento do “punk rock”.

The Monkees fazem sucesso na TV e no disco.  Conjunto “fabricado” em Hollywood para competir com os Beatles, emplacam CSs, CDs e LPs.

A divisão entre a turma da chamada Jovem Guarda e o pessoal da MPB se torna acirrada. Ou se pertencia a um campo ou a outro; não era permitido ficar no 'meio'. Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa, Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, Os Vips estavam do lado dos “americanizados”, enquanto Chico Buarque, Geraldo Vandré, Jair Rodrigues, Elis Regina, Zimbo Trio estavam do lado 'nacionalista'. Isso se complica tremendamente em Setembro quando Caetano Veloso, que até então pertencia ao grupo “nacionalista” se apresenta no 3o. Festival (“Alegria, alegria”) acompanhado de guitarras elétricas dos Beat Boys, conjunto “cabeludo” da Argentina. Gilberto Gil, o grande compositor 'nacionalista' de “Louvação” (“Dois na bossa Numero 2”) e “Lunik 9” se apresenta no mesmo Festival acompanhado d’ Os Mutantes, conjunto elétrico de rock que tinha aparecido no programa de Ronnie Von cantando musicas (no idioma inglês) dos Mamas & Papas e Beatles.  Aí estava armado o “barraco” que deu início à Tropicália no ano seguinte. No “meio” estavam Jorge Ben, Wilson Simonal e outros.   

Aliás, Simonal fica em 1º lugar com o CD “Tributo a Martin Luther King”, homenagem ao líder dos Direitos Civis dos Negros norte-americanos, que seria  assassinado no ano próximo - 4 de abril (1968) em Memphis, Tennessee.

Em Setembro aparece Martinha com “Eu te amo mesmo assim” – ela que era a compositora de “Eu daria a minha vida” (#1 lugar na voz do Roberto Carlos). Vanusa, uma loira de voz potente, também mineira, como Martinha, alcança o 1o. lugar com P’ra nunca mais chorar” - outra composição de Carlos Imperial, que estava no auge em 1967.

Os Incríveis mudam-se para a RCA Victor, começam a cantar também (até então era apenas um conjunto instrumental) e emplacam seu maior sucesso até então, uma versão do sucesso de Gianni Morandi “C’era un ragazzo che come me amava i Beatles e i Rolling Stones” – que conta a história de um rapazinho norte-americano que acaba indo matar Vietnamitas no Vietnã, na guerra suja de agressão dos americanos contra aquele pobre povo asiático. Todos ficam com pena do soldado norte-americano, esquecendo-se de lembrar quem é o Agressor no caso.

Johnny Rivers, cantor ítalo-americano emplaca a linda “Poor side of town” (O lado pobre da cidade), onde ele perde sua namorada, que encontra um rapaz rico e deixa o “morro”., no que seria uma estilização americana de “Conceição” (1956) “se subiu, ninguém sabe, ninguém viu”. Só que a ênfase, no caso, é dada a quem ficou na pobreza e não quem foi p’ra riqueza. Rivers, que bebe no nascedouro rhythm & blues emplaca “Tracks of my tears” de Smokey Robison num outro EP de sucesso, que tb. contém “Baby, I need your loving”, original dos Four Tops, que aliás, marcam um tento com “Reach out, I’ll be there” – a única musica “soul” a fazer sucesso aqui entre nós nesse grande ano.

Antonio Carlos Jobim foi para os U.S.A. em Março e gravou um LP inteiro com Frank Sinatra – o sonho de qualquer musico brasileiro. O resultado é o LP “Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim”, que fez história. 

Aliás, 1967 foi um ano forte de Sinatra, que emplacou Something stupid” em dueto com sua filha Nancy. Só que a versão nacional “Coisinha estúpida”, gravada por George Freedman em dueto consigo próprio faz mais sucesso,  chegando ao 2º lugar, só não chegando ao topo por causa de “Meu grito”. Freedman, que nasceu na Alemanha e veio ainda pequenino ao Brasil, tentava o sucesso desde 1959, finalmente conseguindo 8 anos depois.

Chris Montez se consolida por aqui com Sunny”. Seu LP “Time after time” vende bem. A influencia das gravações de Chris Montez, produzidas cuidadosamente por Herb Alpert para a A&M começa a se fazer sentida em 'Caderninho' de Erasmo Carlos já em 1967. Nos anos seguintes essa influência aparecerá nas gravações d' Os Incríveis ('Molambo') e da famigerada Turma da Pilantragem. 

Montez esteve entre nós, se apresentando na TV Tupi. Johnny Rivers também nos visitou; assim também como Milva e as gêmeas Kessler da Alemanha..

No comments:

Post a Comment